Tem um texto lindo do Paulo Freire sobre "esperançar", e como a nossa esperança não pode ser uma esperança passiva e tudo mais. Acho incrível, motivador, inspirador e, sobretudo, verdadeiro. Verdadeiro no sentido que o próprio fez algo com sua esperança. Ele militou, escreveu diversas obras, fez programas sociais para acabar com o analfabetismo no Brasil (e quase conseguiu).
O problema é que, ele, assim como Clarisse Lispector, Anísio Teixeira, Oscar Wilde e até Albert Einstein, depois de morto vira citação. E, veja, não quero defender que paremos de lê-los ou citá-los. É que citação não é ação, compreende?
É muito confortável, frente a um momento de DESESPERANÇA, citar o trecho de Paulo Freire sobre o verbo esperançar, enquanto na realidade estamos exercitando nossa espera.
"Quem espera sempre alcança" é uma frase muito canalha. Porque não se trata só de esperar. "Pode esperar sentado". Se eu esperar sem fazer nada, nada acontece. Se tenho fome, de nada adianta esperar, preciso buscar o que comer, ou morrerei esperando.